
Eu não criei essa coluna com intuito de mostrar que sou um mestre nisso tudo. Pelo contrário, tenho tanto a aprender (amo muito tudo isso!) do que a ensinar, então que os veteranos os ensine:
Stephen King ensina a escrever melhor
- Vá direto ao ponto - ou pelo menos chegue logo ao ponto. Não desperdice o tempo do leitor com longas introduções e prolegômenos. Não gagueje.
- Escreva um rascunho e deixe decantar - depois de escrever o rascunho, guarde por algum tempo, aguarde maturar, e só então revise e prossiga. Isto lhe permitirá ver o texto sob outra perspectiva, diferente daquela sob a qual você o escreveu, e assim facilita aplicar os cortes e edições que você talvez nem perceberia que precisava fazer.
- Corte seu texto - King fala em cortar 10% do total - foi um conselho que ele recebeu em uma carta de rejeição de um texto seu, no início da carreira, e que seguiu desde então. Remova palavras, frases e capítulos supérfluos.
- Leia muito - precisa explicar? Para escrever bem, é preciso ler bem. Aumentar sua quilometragem, aprender fatos e estilos novos, saber melhor o que fazer (e o que não fazer). Não é difícil, e vale a pena.
- Escreva muito - o aperfeiçoamento vem com a prática, assim como nos esportes. Escreva, e depois escreva mais, e assim você vai melhorar cada vez mais.
As 5 dicas de Ernest Hemingway para escrever bem
Elas são curtas e diretas:
- Use frases curtas: O estilo de Hemingway ia direto ao ponto, minimalista e genial.
- Inicie com um parágrafo curto: Veja a abertura deste artigo.
- Escreva com vigor: Transmita sua idéia com energia, deixe evidente o foco, a intenção.
- Escreva positivamente: Descreva o que as coisas são, e não o que elas não são. Não diga “não é muito caro”, diga “é econômico”. Ao invés de dizer que o software não tem erros, diga que ele é consistente, ou estável.
- Saiba reconhecer os seus sucessos: publique os textos em que você acertar, e descarte (ou guarde para depois aprimorar) aqueles que não estão no nível de qualidade desejado.
- Reescrever uma frase: escolha uma frase do episódio. Qualquer uma. Não importa que o autor a tenha levado à perfeição. Sempre existem infinitas formas de reescrevê-la. Inverta-a, suprima palavras, use outras, acrescente, mude os significados. Não julgue, apenas faça, como se fosse um jogo. Você não precisa mostrar isso para ninguém. Se você gosta de poesia, faça uma paródia. Não precisa ser uma obra-prima da métrica. Divirta-se.
- Resumir a história de diferentes maneiras: isso vai ajudar a entender o enredo e suas principais partes. Enquanto escreve você também vai poder exercitar a síntese. Faça resumos cada vez menores. Quando dominar a história subverta-a. Tome liberdades. Eu fiz isso em um resumo de Hamlet. Não espere fidelidade total.
- O que vem antes da primeira frase: alguns começos de episódios são geniais. Mas o que vem antes da primeira frase do primeiro capítulo? Como foi o momento, a noite ou os anos anteriores? Mais uma vez, não queira ser melhor que o autor. Apenas faça esse exercício de imaginação de maneira a divertir-se. Não precisa ser nada gigantesco. Faça vários parágrafos explorando as diferentes possibilidades.
- O que acontece depois da última frase: a série acabou. Mas a não ser que seja uma história sobre o fim do universo supõe-se que a vida continue. O que vem depois da última frase? Como no exercício anterior, você pode fazer vários parágrafos explorando as infinitas possibilidades.
- Diálogo com personagens de outras obras: o que aconteceria se Jack Sheppard encontrasse Michael Scofield, personagem de Prison Break? Ou se a detetive Lilly Rush, de Cold Case, encontrasse com Serena van der Woodsen? Quando mais absurdos os encontros mais a sua imaginação será desafiada e você se sentirá compelido a escrever.
- Se a obra fosse de outro gênero: imagine que uma série originalmente do gênero policial tivesse sido escrita como um romance meloso. Ou um suspense, então, fosse um seriado de humor. A partir daí destaque e reescreva trechos de suas séries preferidas buscando uma nova perspectiva. E se Lost fosse uma obra infantil? Brinque com as possibilidades.
- Corte frases: brinque de revisor e diretor. Seja cruel. Lime as frases que julga desnecessárias. Eu sei. Com sua série preferida vai ser difícil, pois suponho que nada seja desnecessário na obra de seu autor favorito. Isso vai ajudar você a dessacralizar um pouco a escrita e também a entender melhor o funcionamento do texto, como quem desmonta um relógio.
- Depois da edição: no final desse trabalho cruel, escreva um texto explicando ao seu autor preferido porque agora aquele capítulo está muito melhor. Não precisa ser sincero, claro.
As dicas de George Orwell:
- Nunca use chavões, metáforas ou outras figuras de linguagem que você esteja acostumado a ver na imprensa.
- Nunca use uma palavra longa onde uma curta é suficiente.
- Se for possível cortar uma palavra, sempre a corte.
- Nunca use a voz passiva se puder usar a ativa.
- Nunca use uma frase estrangeira, um termo científico ou um jargão se você consegue pensar em um equivalente comum.
- Quebre qualquer destas regras antes de escrever alguma barbaridade.
4 comentários:
Credo! Ninguém comenta! ALGUÉM LEU??? :O
legal :]
o em camera lenta ta parado ultimamente
Deve ser o efeito verão
Tem umas dicas ali que achei pitorescas hohoho...gostei.
Oi. Estão de parabéns pela matéria, gostei muito.
Mas parece piada ouvir logo do Stephen King que se deve ir direto ao ponto... Ele é o cara que mais enrolão que eu já ouvi falar, apesar de ser um ótimo escritor.
Isso aí pessoal, parabéns mais uma vez.
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